A cidade mística de São Thomé das Letras

FONTE – Misticismo designa um conjunto de crenças e concepções, heterogêneas e não muito bem definidas, que se preocupam com a busca de conhecimento espiritual direto mediante processos psíquicos que ultrapassam as funções intelectuais. Nesta perspectiva, o misticismo é um caminho prático de evolução, realização pessoal e felicidade.
As correntes místicas pregam a experiência direta do divino, comumente chamada de experiência mística, e muitas vezes descrita como iluminação. A experiência mística é um estado de consciência em que o místico tem um vislumbre daquilo que está além deste plano físico, e muitas vezes é descrito como união com o Todo. Isto só pode ser alcançado, segundo os místicos, por uma disciplina espiritual que visa distanciar-se das coisas mundanas.
Muitas vezes a experiência mística é descrita por aqueles que a sentem como uma “visão direta de Deus”. Tais fenômenos estão presentes tanto no Velho Testamento quanto no Novo Testamento da Bíblia e na cultura oriental ( budismo , hinduísmo , yoga , etc.).
O místico procura na prática espiritual e no estudo das coisas divinas, mais que na racionalidade, as bases para suas concepções de vida, embora muitas vezes o misticismo esteja envolvido com intrincados sistemas que o fundamentam. Este é o caso da Cabala , a tradição esotérica dos judeus .
No estado de Minas Gerais, há 1.440 metros de altitude, está São Thomé das Letras. Essa pequena cidade também é chamada de Cidade Mística, pois acredita-se que nela há um ponto energético muito forte, o qual atrai espiritualistas, místicos e também amantes da natureza.
O nome da cidade tem origem em uma lenda antiga. Um escravo certa vez fugiu da propriedade do Barão de Alfenas, e se instalou numa gruta. Na gruta ele teria encontrado uma estátua de São Thomé junto a uma carta de escrita perfeita. O escravo levou a carta ao seu dono que, impressionado com o ocorrido, lhe concedeu a carta de alforria e ordenou que fosse construída uma igreja ao lado desta gruta.
O povoamento de São Thomé das Letras começou em 1770, quando teve início a construção da capela de São Thomé, por causa dessa misteriosa aparição do santo ao escravo na gruta localizada no centro da cidade. Durante as obras de construção da Igreja, foram encontradas diversas pinturas em tom avermelhado na entrada da gruta. Acreditava-se que estas marcas foram deixadas pelo santo, como prova de sua aparição.
Historiadores atribuem essas pinturas aos índios Cataguases, antigos habitantes da região, outras pessoas preferem acreditar que foram efetuadas por seres extraterrenos, vindos das estrelas pelo caminho de “Sumé”. O nome “Letras” partiu da existência dessas inscrições.
Igreja de Pedra de São Thomé
Finalizada em 1785, as pinturas internas da igreja são do estilo barroco, com paredes e pinturas revestidas em ouro. O trabalho artístico é atribuído a Joaquim José Natividade, discípulo de Aleijadinho. Entretanto esta não é a única gruta que possui uma lenda. Na região existem várias grutas, muitas delas com passagens subterrâneas que são desconhecidas e ainda não foram mapeadas pelo homem.
A Gruta do Carimbado é uma delas. Diz a lenda que esta gruta possui um caminho que leva até a antiga cidade Inca de Macchu Picchu, no Peru. Tal lenda tem origem na última aparição de Chico Taquara, um antigo curandeiro de São Thomé. A última vez que o curandeiro havia sido visto seria na Gruta do Carimbado. Seu desaparecimento nunca foi esclarecido, mas dizem que algum tempo após seu sumiço, foi visto em Macchu Picchu, no Peru…
Conta-se que ele falava com os animais, e era sempre acompanhado por abelhas, vacas e bezerros. Suas rezas em língua estranha sempre curavam quem a ele recorria. Podia até prever acontecimentos futuros. Taquara levava a vida a ajudar os outros, a guardar São Thomé e a ensinar “coisas bonitas”. Pelos idos de 1916, desapareceu. Alguns dizem que ele continua entre as pedras, mas não permite mais ser visto. Outros acreditam na volta ao centro da Terra, de onde teria vindo realmente.
Na cidade é possível andar até alguns pontos tidos como mistico graças aos magnetismo que esses locais possuem, deslocando as pessoas para vivenciarem os encantos que a natureza desses locais possibilitam aos seus sentidos.
Piramide
No Mirante é possível ter uma visão de 360 graus da região, sendo um local excelente para observar o movimento das estrelas e planetas. Deste monte dá pra perceber o quão alta é a cidade, pois dá a impressão que é possível alcançar as nuvens, de tão próximas do chão que elas se encontram. Próximo ao Mirante está a Casa da Pirâmide, um ótimo lugar para observar o céu também. Feita de uma pedra muito encontrada no local, o quartzito, essa construção é interessante e diferente por possuir teto piramidal.
Em uma das saídas da cidade, descendo pelo asfalto por uns quinze minutos, chega-se ao Vale das Borboletas. O local, surreal por sua natureza, possui toda uma estrutura natural que remetem a escadas de barro e corrimãos que podem ser improvisados nas raízes sobressalentes das árvores. Essas estruturas naturais auxiliam os aventureiros a descerem para a piscina natural de pedras e água gelada, com direito à massagem proporcionada pelo filete de água que jorra entre as pedras e raízes…
Em São Thomé das Letras existem diversas condições que levaram místicos de todo o Brasil e do mundo a procurarem a cidade que acreditam ter evidências favoráveis às suas práticas e à uma vida pautada no espiritual e no ritualístico implantado por sociedades alternativas ali presentes, ou mesmo por seitas e movimentos.

Uma das afirmações dá conta de que a cidade seja uma das sete escolhidas como sagrada e portanto possui aspectos magnéticos e campos de energização, além de facilitar o contato e a sensibilidade dos místicos para a comunicação com o cosmo, através de ondas só encontradas ali.

São Tomé das Letras está envolvida em lendas e mistérios. Lá foram encontrados no século XVIII caracteres rupestres representando animais e objetos abstratos de origem desconhecida. Os primeiros exploradores que visitaram a região, no entanto, em sua característica visão etnocêntrica, estabeleceram que as pinturas foram feitas por São Tomé, que teria visitado o Brasil em tempos remotos.

No caminho para Carimbado está a Ladeira do Amendoim. Nela, se você deixar o carro solto em marcha lenta ele sobe sozinho. Não se espante, a física explica. Quem vê tem a impressão de que o carro está subindo, mas na verdade ele está descendo, como deve ser.

EUBIOSE
É crença compartilhada por moradores e visitantes que a cidade de São Thomé das Letras e as regiões em torno dela são locais muito propensos a aparições de seres de outros mundos.
Os eubiotas (adeptos da Eubiose, ordem que possui uma sede na cidade), por exemplo, consideram São Thomé um dos chacras do planeta, um ponto de convergência de energia cósmica, e que Chico Taquara era o guardião dessa “embocadura energética”.
Luiz Noronha, o Tatá, de 72 anos
Tatá (outro nome praticamente patrimônio cultural da cidade – Luiz Noronha, estuda História e Ufologia e mora em São Thomé da Letras há quase 50 anos), explica que a cidade foi construída sobre uma serra de rochas aluvionais (formadas de cristais particulados e compactados e de fácil decomposição molecular) intercaladas com rochas mais densas que funcionam como isolantes.
Essa estrutura funciona como um capacitor e armazena a energia que vem do centro da Terra. Por isso, o lugar possui uma vibração muito forte e é um ponto de atração para seres e fenômenos místicos.
Tatá  não revela toda sua sabedoria e nem espera que os outros acreditem nele. De acordo com os membros da Eubiose em São Thomé, ele tem um pacto com o criador da ordem e não conta todos seus conhecimentos e descobertas para quem não está preparado.
Tatá é certo da existência de outras dimensões de espaço e tempo paralelas à nossa. Tem certeza que seres desses outros mundos conseguem transpor a barreira dimensional e vir para o nosso tempo e espaço. E adverte: eles devem ser chamados de seres, pois não se sabe quem e como são, nem do onde vieram: pode ser do céu, pode ser do centro da Terra. “Nós não estamos sozinhos”, diz o pesquisador. “Não posso dizer que esses seres são ETs, nem que são inteligentes. Tudo que dizem sobre isso é ilusão. Não sei nem onde eu estou, como vou saber dos outros?”
O ufólogo gostaria que alguém da família ou algum amigo continuasse seus estudos, mas sabe da dificuldade de isso acontecer. Porém, São Thomé das Letras é um lugar que atrai interessados no assunto e tem o dom de ganhar habitantes apreciadores de sua aura mística. Com certeza sua pesquisa será continuada.
Ele escolheu acertadamente seu lugar de morada. A cidade serrana mineira parece estar envolta a uma aura mística, de fé em todos os fenômenos da natureza. Está-se sempre esperando uma nova manifestação sobrenatural. Não é uma espera que coloca as vidas em suspensão. Ao contrário. É uma esperança de fé, quase religiosa, incentivadora da busca, do autoconhecimento e da exploração do local.
Prova disso é a lenda de Chico Taquara, que se perpetua por todas as crenças da cidade. Uma foto do “véio” Chico pode ser encontrada na parede da sala de estar da sede da Sociedade Brasileira de Eubiose, ao lado das fotos de seus fundadores.
Perguntado sobre a lenda de sua morte na cidade, os membros confirmam, para espanto de  todos: “Mas ele não morreu. Ele era um intraterreste e voltou para o centro da Terra”. Aproximando a cabeça e abaixando a voz: “A Terra é oca, nós não estamos sozinhos”. “Mas os intraterrestres podem voltar a subir para a superfície?” “Eles estão entre nós”.
A Eubiose tem a cidade como um dos pontos do mundo mais importantes em sua crença. Apresentando os pensamentos e ensinamentos da ordem, o paulista Claudio Araujo de Lima, membro da ordem há 35 anos, fala o por que a cidade foi escolhida como um dos pontos-chave da Eubiose: “Há, no mundo, 14 chacras energéticos, sendo que os sete principais estão no Brasil – eles comandam a vibração do planeta. São Thomé é importante, pois é um dos chacras mundiais”.
Com quase 90 anos de existência, a Eubiose já é reconhecida pelo Código Civil brasileiro como uma religião, contrariando o pensamento dos adeptos. “Somos uma ordem e não uma religião. No popular, até pouco tempo, éramos conhecidos como uma ordem oculta. As ordens sempre, no contexto mundial, foram deixadas de lado, vistas como perigosas. Tem gente que nem pisa em nossa calçada, porque não conhece. Ainda. Nós não podemos interferir no livre-arbítrio de nenhum ser, mas a porta está aberta”.
Templo da Eubiose dentro da sede da ordem em São Thomé das Letras
Um dos degraus para aproximar os cidadãos da ordem são os círculos abertos de palestras, promovidos pelo Departamento, com apresentações da filosofia da Eubiose. Depois disso, há uma série de graus onde são mostrados lances da natureza humana. Segundo os eubióticos, há o lance mental e o emocional, além de um terceiro que reúne os dois últimos dentro de nosso ser e de um quarto nível dedicado às coisas da própria ordem – os fundadores, a história da humanidade antiga, a história atual, a função do Brasil nesse plano cósmico atual e da Era de Aquário.
Ao contrário da maioria das religiões, a Eubiose não é construída sobre dogmas. Todo o processo de aprendizagem e inserção na ordem está relacionado à evolução humana e visa à construção crítica do autoconhecimento. Um dos pilares mais importante da filosofia é a procura por sublimar o entendimento de Deus em todas as áreas do conhecimento humano. “Deus está em tudo e em todos. É onipresente, onisciente e onipotente. Sempre essa tríade. O principal objetivo da Eubiose é mostrar que o Deus que cada um procura está dentro da natureza de cada um, já que, na verdade, todos temos uma centelha divina desse ser que criou todo esse universo manifestado”.
A crença na reencarnação é mantida pela ordem, mas uma diferenciação é crucial para adentrarmos na filosofia eubiótica: nossa alma é diferente de nossa essência, ela constitui o nível terreno e a essência faz parte do nível etérico.
Tal qual a razão e a emoção, a alma integra nossa parte terrena e não está diretamente relacionada à reencarnação ou qualquer tipo de metafísica. Já a nossa essência é algo que não precisa de evolução, pois é a centelha de Deus que está presente em todos os seres. “Cada um de nós possui essa centelha divina, que está ligada ao ponto de intersecção entre nosso nível físico e etérico. Todos temos que fazer com que essa parte divina que nos habita passe a constituir também nossa fração terrena. Dessa maneira, seremos muitos mais conscientes do que é a vida”, explica Claudio.
“Nós não temos esse conceito de salvação. Com o livre-arbítrio, escolhemos se evoluiremos ou involuiremos em nossa vida terrena. Não há perdão, tudo é cíclico”.
Baseados principalmente na autocrítica e no livre-arbítrio, os eubióticos creem na validade da “Lei da Ação e Reação” para equilibrar tanto a nossa balança interna, quanto a do universo.
Tal qual a evolução, os ciclos energéticos aparecem como um dos pontos-chave da ordem eubiótica. Para os membros da Eubiose, estamos em uma fase de transição de energia, ou seja, passaremos da Era de Peixes para a tão famosa Era de Aquário.
Ao contrário do ambiente hippie típico das décadas de 60 e 70, a Era de Aquário é muito mais do que uma canção para os eubiotas. Claudio explica que de dois em dois mil anos é comum que novas Eras substituam as antigas e tragam consigo ou um novo ser iluminado, ou uma nova consciência – ambos capazes de ajudar na evolução terrena.
Cachoeira Vale das Borboletas
“Há 50 anos estamos vibrando no mental abstrato, que é a Era de Aquário. Basta observarmos as crianças e os jovens de hoje: é outro aspecto, outra vibração, outra dinâmica, outra ciência se comparados às crianças e aos adolescentes de Eras passadas. A facilidade para lidar com o que antes era complexo é algo que não se pode jamais descartar, pois é a mostra que eles já vieram carimbados para a nova Era, a Era de Aquário. Ledo engano dos mais velhos dizer que vão acompanhá-los. Não! O conhecimento do passado já foi talhado pelos nossos antecessores. Sabedoria é aproveitá-lo e não descartá-lo”.
Digno de curiosidade e de questionamentos é outro degrau peculiar da filosofia eubiótica: a crença nos avataras. Segundo a ordem, eles são mestres de luz que vem à Terra para nos ajudar.
Entre os avataras mais conhecidos da história estão Maomé, Buda e o próprio Jesus Cristo. O avatara aparece, grosso modo, de dois em dois mil anos, mas essa periodização não é rígida. É possível que tenha havido avataras “menores” – que poderiam ser, por exemplo, cientistas de renome – que passaram anonimamente por nós. Esses mestres de luz sempre cumprem Eras. Cristo, por exemplo, foi da Era de Peixes e, como estamos entrando na Era de Aquário, o próximo avatara, que eles chamam de Buda Maitreya, está por vir.
Formações rochosas tomam as formas mais inusitadas- Pedra da  Bruxa.
“O avatara nem sempre é fisicamente visível. Ele pode ser uma consciência, uma projeção na criança ou em algumas pessoas que estão contribuindo para o planeta na área de conhecimento humano. Essa energia de Buda Maitreya já está acontecendo. Estamos num período vibratório. A humanidade sempre quer ver um ser físico, mas, se ele virá fisicamente, nós não sabemos. Esse avatara, esse messias, pode já estar andando entre nós”.

vídeo: Luca Spezia


vídeo: pgmboxcultural

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