Eu me pergunto quantas vezes ainda vou tentar. Quantas vezes vou abrir essa plataforma e sentir o peito apertar, como se uma corrente invisível me puxasse para o fundo de um mar que nunca conheceu a luz do sol. O YouTube, que um dia foi um espaço de descoberta, aprendizado e troca, tornou-se para mim uma prisão de ansiedade e eterna busca por aprovação. Um reflexo distorcido de um mundo que parece cada vez mais desprovido de humanidade.
Não é só sobre números. Não é só sobre curtidas, inscritos, engajamento. É sobre olhar para os olhos das pessoas — ou para os comentários que as substituem — e perceber o quanto nos afastamos do que realmente importa. O quanto o ódio, a divisão e o ego inflado tomaram conta do que deveria ser um espaço de conexão.
A política rasgou o tecido da realidade e separou irmãos, amigos, famílias. Países se partem em duas cores, em duas bandeiras, em duas bolhas de ilusão. A extrema-direita, como um cadáver mal enterrado da Segunda Guerra, voltou a andar entre nós, com seus slogans reciclados, suas promessas ocidentais de pureza e poder. E seus seguidores, cegos, entregam-se de bom grado a esse delírio. Querem alguém que legitime seus piores impulsos, que os absolva de qualquer resquício de empatia ou consciência.
E no meio disso, a Ufologia. Um campo que sempre me fascinou, mas que, nos últimos tempos, tenho dificuldade em reconhecer. O fenômeno OVNI nunca precisou de fanáticos, mas agora parece que eles tomaram a casa. Aqueles que gritam mais alto, aqueles que fazem dos mistérios do universo apenas mais uma ferramenta para manipular e enganar, são os que vencem.
Não quero essas pessoas perto de mim. Não preciso delas.
O algoritmo favorece quem mente, quem grita, quem exagera. A busca por likes e pela viralização transformou o desconhecido em espetáculo, o estudo sério em piada, a verdade em um show barato. Quem faz conteúdo honesto fica para trás. Quem instiga o pânico cresce.
E eu? Eu me pergunto se ainda há sentido em continuar.
Talvez seja só um até breve. Talvez ainda exista uma luz no fim do túnel. Mas, por ora, preciso de silêncio. Preciso respirar fora dessa bolha sufocante.
Se um dia houver espaço para a verdade novamente, eu volto.
Se ainda restar humanidade, eu volto.
Se houver luz, eu volto.
Até breve.
