A verdade por trás da falta d’água em São Paulo: Privatização e ganância

A falta de água em São Paulo não pode ser atribuída à ausência de chuvas no último período. A principal causa para o esvaziamento do sistema Cantareira, maior reservatório da região metropolitana, se deve à falta de investimentos do governo do estado na ampliação de novos mananciais. Essa é a conclusão do professor aposentado da Escola Politécnica da USP e engenheiro de hidráulica e saneamento Julio Cerqueira Cesar, um dos maiores especialistas na área.

Ele explica que estiagens são comuns em outros países e nem por isso a população fica sem água potável nas torneiras. “O que está acontecendo em São Paulo acontece em qualquer lugar do mundo. Faz parte do ciclo hidrológico. A chuva não é a culpada. O problema é que o sistema de abastecimento de água tem de ter a capacidade de suprir essa variação na precipitação, e isso não ocorreu aqui”, enfatiza.

“O governo não investiu na ampliação de mananciais, são os mesmos de 30 anos atrás. Nesse período, a população cresceu em 10 milhões de pessoas (saltou de 12 milhões para 22 milhões). Os mananciais existentes não são capazes de atender a essa demanda. Essa é a grande causa da falta de água em São Paulo”, ressalta.

A falta de investimento na ampliação de novos mananciais tem explicação. Segundo o professor Julio, até o início da década de 1990, o objetivo da companhia era atender a população com saneamento básico, para manter a saúde pública em níveis adequados. “Até 90, a companhia era comandada por engenheiros sanitaristas, depois disso a Sabesp aderiu ao lucro de corpo e alma. Deixou de se preocupar com seus usuários e passou a se preocupar com seus acionistas. Hoje quem comanda a Sabesp são economistas e advogados. O objetivo da empresa mudou. É para dar lucro para os acionistas”.

Para o geólogo e deputado estadual Adriano Diogo (PT-SP), líder da minoria (PT – PSOL – PCdoB) na Assembleia Legislativa de São Paulo, a lógica do lucro na Sabesp é anterior à década de 90, e remonta à época da ditadura militar.  “Vem desde o Maluf, mas os tucanos intensificaram a mercantilização da água ao abrir o capital da Sabesp em Bolsa. Isso agudizou o problema, porque os acionistas não querem abrir mão do lucro para que se façam os investimentos necessários, por exemplo, na ampliação dos mananciais”.

Apesar de não ter sido privatizada nos moldes tradicionais, na prática a Sabesp deixou de ser pública. Em 2000, a companhia teve inclusive seu capital acionário aberto na Bolsa de Nova York. “Com a abertura do capital, a companhia deixou de ser uma empresa de saúde pública e virou um balcão de negócios.  Só se preocupa com o lucro dos acionistas, que estão muito satisfeitos”, afirma o professor Julio. Com faturamento anual na casa dos R$ 10 bilhões e lucro líquido em torno de R$ 2 bilhões, a Sabesp tem repassado anualmente a seus acionistas aproximadamente R$ 500 milhões. “Os acionistas estão dando risada, enquanto os usuários choram”, ironiza o professor, ao se referir à falta de água que atinge os moradores da região metropolitana de São Paulo. O professor conta que dez anos após o capital da companhia ter sido aberto na Bolsa de Nova York, a Sabesp foi premiada nos Estados Unidos por ser a empresa que mais se valorizou no período. “Sucesso financeiro e fracasso completo em saúde pública…”, sentencia.

FONTE : http://www.correiocidadania.com.br/index…Itemid=180

5 comentários em “A verdade por trás da falta d’água em São Paulo: Privatização e ganância

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  1. o importante que o povo culpe o PT , enquanto tucanalhada vai roubando os , o povo nao é bobo ? é ele o povo acredita rede bobo,

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  2. \” O professor conta que dez anos após o capital da companhia ter sido aberto na Bolsa de Nova York, a Sabesp foi premiada nos Estados Unidos por ser a empresa que mais se valorizou no período\” Esquecem-se, por necedade ou por preguiça, de que um dos motivos capitais para o crescimento da SABESP é justamente a sua alta lucratividade aliada a uma significativa parcela de seus lucros destinada ao pagamento de dividendos aos acionistas: \”Com faturamento anual na casa dos R$ 10 bilhões e lucro líquido em torno de R$ 2 bilhões, a Sabesp tem repassado anualmente a seus acionistas aproximadamente R$ 500 milhões.\”. Devemos ser pragmáticos e não ilusionistas; não podemos simplismente culpar a privatização da SABESP e muito menos a ganância do homem econômico. Ambos os casos denunciam insensatez: o primeiro por não reconhecer a necessidade de privatizações controladas em um momento da história no qual o planejamento estatal sofria de sua mais completa decadência e ineficiência; o segundo por não reconhecer a ganância humana como uma das fontes de desenvolvimento e inovação. Para os que tiverem duvidas, por favor leiam \”Fábula das Abelhas\” um conto escrito no século XVIII que ilustra bem a falta de compreensão sociológica que uma matéria dessas sofre.

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  3. Texto totalmente sem nexo. Oras, se eu sou um acionista da SABESP, eu vou impedir que ela faça investimentos para evitar a sua crise? Quem irá \”pagar o pato\”, caso ela entre em crise? Claro, que SOU EU ACIONISTA. Nada a ver, isso é mera mania esquerdista de culpar os empresários.

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  4. Ausência de investimento, pode até ser, mas culpar os investidores já é demais. A culpa é da receita estatal que prioriza investimentos em obras visíveis pelo povo. É a velha anedota do prefeito que faz um rio, pra poder fazer a ponte e povo \”contemplar\” a obra faraônica pra depois reeleger o iluminado empreendedor.

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  5. kkkk Os esquerdistas não cansam de culpar o \”malvados capitalistas\” por tudo de mal que acontece na sociedade, se esquecem de olhar para o próprio umbigo e esquecem que o cancêr marxista tem destruido tudo por onde passa, desde a cultura até as próprias consciências do Brasil inteiro !!

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