O jornalismo internacional ainda existe?

Devemos questionar urgentemente o estado do jornalismo internacional

A maioria dos jornais, revistas, estações de rádio e até canais de televisão em todo o mundo simplesmente não consideraram a opção de enviar repórteres para cobrir as catástrofes naturais na Líbia e em Marrocos, alegando que já não têm financiamento suficiente para este tipo de cobertura internacional.

O difícil acesso aos sites, pelo menos no caso da Líbia, é outra desculpa usada para nem sequer tentar enviar alguém para lá. Uma das principais tarefas dos editores hoje é a redução de custos, e os jovens jornalistas que iniciam as suas carreiras são informados desde o primeiro dia que, essencialmente, nunca poderão viajar para cobrir questões como as da Líbia e de Marrocos.

A maioria dos jornalistas, e essencialmente todos os fotógrafos que conheço que estão a tentar ir para Marrocos e para a Líbia, são freelancers e nenhum deles conseguiu trabalhos garantidos. Eles estão assumindo a responsabilidade profissional e suportando sozinhos os riscos económicos e físicos.

Além da evidente bravura destes freelancers, não posso deixar de me preocupar com o facto de o jornalismo profissional não dever ser uma questão de bravura; deveria ser uma questão de profissionalismo, porque as vítimas destas catástrofes não merecem menos do que isso.

André Liohn é vencedor do Robert Capa Gold Medal de 2012, um dos mais prestigiados prêmios de fotografia do mundo. Foco do documentário You Are Not a Soldier, que estreia no festival Hot Docs 2021, o fotógrafo paulista vive na Noruega desde os 20 anos. De volta ao Brasil, Liohn trabalha documentando a pandemia de Covid-19 no país.

Líbia e Marrocos: milhares de mortos após desastres naturais

Em dois países do norte da África, atingidos por desastres naturais, o cenário é de destruição e desalento

Enchentes na Líbia podem ter deixado cerca de 20 mil pessoas mortas, segundo autoridade local. Inundações catastróficas afetaram o leste do país no domingo (10/9). As águas romperam duas barragens e derrubaram quatro pontes na cidade portuária de Derna — a mais afetada na Líbia — que praticamente submergiu quando o furacão Daniel atingiu o país.

As últimas atualizações com relação ao terremoto que atingiu o Marrocos na noite de 8/9 apontam que 2.862 pessoas morreram em decorrência da tragédia. O último balanço, divulgado também relata que o número de feridos subiu para 2.562.

O tremor de magnitude 6,8 na escala Richter durou cerca de 15 segundos e danificou diversas áreas, desde aldeias nas montanhas do Atlas até a cidade histórica de Marrakech.

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